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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Graça e Raça



Timothy Keller*

Em Atos 2, quando o Espírito Santo desce sobre a igreja no dia de Pentecostes, acontece outro milagre. Enquanto lá em Babel as pessoas que falavam a mesma língua não conseguiam se entender, no Pentecostes todos os que falavam línguas diferentes entenderam a mensagem dos apóstolos. A maldição de Babel foi revertida. Foi uma afirmação de que a graça de Cristo tem poder para curar as feridas do racismo. No Pentecostes, a primeira pregação do evangelho aconteceu em todos os idiomas, mostrando que nenhuma cultura é a cultura “certa” e que no Espírito conseguimos a unidade que ultrapassa todas as barreiras nacionais, linguísticas e culturais. O resultado, de acordo com Efésios 2:11-22, é uma comunidade de “concidadãos” iguais vindos de todas as raças. Conforme 1 Pedro 2:9, os cristãos formam uma “nova etnia”. Na igreja, parceria e amizade acima das barreiras raciais é uma das marcas da presença e do poder do evangelho. Em Cristo, nossas identidades racial e cultural, embora significativas, não são mais nossa fonte primária de autoentendimento. Em Cristo, nosso laço com os outros é mais forte que nosso relacionamento com membros de nossos grupos raciais e nacionais. O evangelho nos iguala a Abraão, que deixou sua cultura doméstica, mas nunca “adotou” nenhuma outra. Assim, por exemplo, os cristãos chineses não renunciam à identidade chinesa para se tornarem outra coisa, porém o evangelho lhes dá distância crítica da cultura chinesa, capacitando-os a criticar os ídolos da própria cultura.

Os capítulos finais da Bíblia revelam uma época em que o povo de Deus de “toda tribo, povo e nação” está unido (Ap 5:9; 7:9; 11:9; 14:6). No climax da humanidade, desencadeado pela morte e ressurreição de Jesus, todo ódio e divisão racial irão desaparecer.

Entre a promessa de Gênesis 12 e seu cumprimento em Apocalipse, a Bíblia desfere vários golpes contra o racismo. Deus castigou Miriã por ter rejeitado a esposa de seu irmão Moisés porque ela era africana (Nm 12). Jonas foi repreendido porque avaliou Nínive baseado em raça e questões políticas (a prosperidade de Nínive ameaçava Israel), e não com base na necessidade espiritual da cidade. O apóstolo Pedro, por meio de uma visão e da conversão de Cornélio – o centurião gentio – aprendeu que preconceito racial é pecado (At 10:34). O apóstolo foi levado a entender que “Deus não trata as pessoas com base em preferências. Mas, em qualquer nação, aquele que o teme e pratica o que é justo lhe é aceitável” (At 10:35-37). Apesar desse testemunho, algum tempo mais tarde o apóstolo Paulo viu que o apóstolo Pedro se recusava a comer com os cristãos gentios e confrontou-o por seu racismo, afirmando que ele não agia “corretamente, conforme a verdade do evangelho” (Gl 2:14). Agir “conforme o evangelho” é viver de maneira consistente com o fato de sermos pecadores salvos unicamente pela graça. Preconceito racial é errado porque nega o princípio básico de que todos os seres humanos são igualmente pecadores e salvos apenas pela graça de Deus. De acordo com Paulo, o conhecimento profundo do evangelho da graça deveria corroer nossos preconceitos raciais. Um teólogo evangélico escreveu”

Uma vez que a fé é exercitada, o cristão está livre […] para usar sua cultura como uma peça confortável de roupa. Ele pode usar a roupa cultural temporariamente, se quiser, como Paulo explica em 1 Coríntios 9:19-23, e tem liberdade para admirar e valorizar as diferentes manifestações de Cristo brilhando através de outras culturas.

Quando a teologia da graça e raça permeia a consciência do cristão, da igreja e da comunidade, ela produz união de relacionamentos que será instrumentalizada em revizinhar e reentrelaçar e também um testemunho direto ao mundo sobre a realidade do evangelho.

*Extraído do livro “Justiça Generosa – A graça de Deus e a justiça social”, pg. 129 a 131

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