(esse artigo foi escrito originalmente no dia 31 de dezembro de 1758)
O tempo é medido, e ele é semelhante em ambas extremidades; começa
com um dia, e terminará com um dia. Por isso “tarde e manhã” foram
usadas para expressar o primeiro dia, assim como o julgamento universal é
chamado de o último dia. A Eternidade é a fonte de água da qual ele
surge, e a enchente para qual ele deságua. A mais longa duração do tempo
é curta, e seu maior prolongamento chega ao final. Um dado momento mal é
conhecido, e já se torna passado.
Alguns momentos, que duram um minuto, quando começamos a desfrutar,
também já acabaram; deste modo, uma hora voa, um dia se apressar em
chegar ao fim e, um ano (assim como esse ano) chega ao seu último dia.
Assim, portanto, no final do ano, comerciantes fazem seus balanços
financeiros, ajustam seus livros contábeis, e então pergunto a mim
mesmo: Que benefício meus dons trouxeram nesses doze meses? Porque,
qualquer que seja minha opinião, o tempo não é dos menores dons, e mais um ano foi adicionado à minha conta.
Ó precioso tempo desperdiçado, que nunca mais terei de volta! Agora
esse ano se foi, e nunca retornará; o que, então, fiz para a glória de
Deus nesse ano que passou? Ah! ele se foi de mim como o vazio, apesar de
ele brilhar nesse momento com muitas misericórdias, como um céu
estrelado. Ah! eu disse vazio? Não, pior! Pois enquanto Seu amor e
misericórdias brilharam ao meu redor como o Sol do meio-dia, meus
pecados cresceram em grande número, como os átomos do Sol!
Mas, que pesar! Esse ano me concedeu mais espetáculos lamentáveis de
pecado que a minha vida inteira. Ouvi o nome divino blasfemado, vi
pecados em locais de honra e todas as formas de perversidade cometidas. Ó, por migalhas os homens jogam suas almas fora! E como posso, indiferente, ver o pecado em todos os seus aspectos horrendos e o estrago terrível que causa nas almas imortais!
Mas que a divina providência preserve-me desses objetos de prazer, e
que eu, pela graça, não me esqueça do que ouvi e vi! Também a paciência,
pertencente a Deus, é notável. Porque quando pensamos em quanta
impiedade é cometida em todo o mundo – em público e na vida privada, por
grandes e pequenos, em terra e no mar – e ainda, que essa rebelião
contra o Céu não começou ontem, mas vem desde a queda de Adão por mais
de cinco mil anos, é difícil entender como o mundo ainda não foi
entregue às chamas! Mas essa paciência cuja duração é surpreendente, deve afinal dar lugar a justiça, cuja execução será terrível.
Mas enquanto estou meditando em meu tempo fugaz, a meia-noite chega, e
já estou em outro ano. Então, adeus para sempre 2011¹! E hei de
lembrar-me que, por esse “adeus”, olho minha vida caminhando para seu
fim, e que estou avançando para outro estágio, mais perto da eternidade –
sem saber se um dia, ou um mês, ou um ano, ou dois, ou mais – serão
outorgados a mim.
¹ Adaptação para nossos dias. Para James Meikle (autor) era 1758.
Traduzido por Alex Daher | iPródigo.com | Original aqui
Fone: http://iprodigo.com/traducoes/sobre-o-ultimo-dia-de-um-ano.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário